Absurdo! Vídeo da Monalisa Perrone sendo empurrada durante cobertura de Lula. Jornal Hoje.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
domingo, 30 de outubro de 2011
Lula
Rápidos comentários sobre a triste notícia do final de semana:
- Eu acredito em tudo na vida, principalmente dentro do meio político. E mesmo assim, fico perplexo porque alguns comemoraram a doença de Lula...
- Fico feliz porque li respeitosos "tweets" de lideranças sensatas da oposição, desejando a recuperação de Lula.
- Outros setores da oposição incorporaram o pânico diante da notícia.
- Independente da posição política e de gostos pessoais, Lula é o maior líder político vivo do Brasil, talvez o único de grande porte, que leve as massas para um comício sem show.
- Se continuarem nessa linha desumana, de ironias e baixarias, vão acabar transformando Lula em santo.
- Não tenho dúvidas de que Lula será mais forte depois de vencer o câncer.
- Eu acredito em tudo na vida, principalmente dentro do meio político. E mesmo assim, fico perplexo porque alguns comemoraram a doença de Lula...
- Fico feliz porque li respeitosos "tweets" de lideranças sensatas da oposição, desejando a recuperação de Lula.
- Outros setores da oposição incorporaram o pânico diante da notícia.
- Independente da posição política e de gostos pessoais, Lula é o maior líder político vivo do Brasil, talvez o único de grande porte, que leve as massas para um comício sem show.
- Se continuarem nessa linha desumana, de ironias e baixarias, vão acabar transformando Lula em santo.
- Não tenho dúvidas de que Lula será mais forte depois de vencer o câncer.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Mais Copa do Mundo
Copa do Mundo de 2014 3, 4...
- O mascote da Copa do Mundo 2014 deveria ser a criança pobre do Brasil, que passa fome e joga bola. Nada contra o Muriqui.
***
O novo ministro dos Esportes deveria ser nome do país e não de um só partido.
- O mascote da Copa do Mundo 2014 deveria ser a criança pobre do Brasil, que passa fome e joga bola. Nada contra o Muriqui.
***
O novo ministro dos Esportes deveria ser nome do país e não de um só partido.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Pensatas...
Copa no Brasil 1.
Maracanã não ter a seleção antes da final é um absurdo. Pior talvez seja passar a Copa no avião, de estado em estado.
Copa no Brasil 2.
A seleção deveria ficar numa sede por fase, sem viajar, aeroportos, ônibus...
Maracanã não ter a seleção antes da final é um absurdo. Pior talvez seja passar a Copa no avião, de estado em estado.
Copa no Brasil 2.
A seleção deveria ficar numa sede por fase, sem viajar, aeroportos, ônibus...
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segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Lei Cega
A lei que tenta tirar dinheiro do petróleo do Rio de Janeiro e dos estados produtores devia ser batizada de Lei Cega, com todo o respeito aos portadores de deficiência visual. Só um cego não enxerga o que foi o desastre do Golfo do México. Quem produz precisa mesmo ter mais recursos... E muito mais!
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sexta-feira, 16 de setembro de 2011
SOS Ilha Grande 4
Vamos anotar, guardar, fazer o calendário das promessas e acompanhar. Um olho na natureza e o outro no predador.
Ilha Grande ganhará área de proteção marinha até o fim de 2011
Por Emanuel Alencar
O Globo, 16 de setembro de 2011
RIO - Até o fim do ano, uma área marinha de 180 quilômetros quadrados no entorno da Ilha Grande, em Angra dos Reis, será protegida por uma unidade de conservação. A Secretaria estadual do Ambiente espera realizar em outubro uma audiência pública sobre a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) Marinha da Ilha Grande. Em seguida, a proposta será encaminhada para o governador Sérgio Cabral. O trecho, que vai de Mangaratiba até Paraty, tem um enorme potencial pesqueiro, ameaçado pela cada vez maior circulação de embarcações. Conforme O GLOBO vem noticiando desde quarta-feira, a falta de regulamentação da entrada de navios e plataformas de petróleo na baía ameaça a biodiversidade da região.
Documento constata desordem na região
Um relatório assinado por quatro técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) diz que a criação da APA é a forma mais adequada de "compatibilizar a conservação da natureza e o uso sustentável dos seus recursos naturais". O documento acrescenta que todas as atividades marítimas - com finalidades turísticas ou ligadas à exploração de petróleo - na Baía da Ilha Grande ocorrem hoje de forma desordenada.
A necessidade de preservar o porto com o maior desembarque de sardinha da costa brasileira é outro argumento em defesa da APA - foram capturadas na região mais de 12 mil toneladas do pescado num único mês, superando Santa Catarina. A criação da unidade marinha está inserida no plano de gestão integrada da Ilha Grande, projeto do Inea em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Os investimentos previstos nos próximos cinco anos chegam a R$ 46 milhões - dos quais R$ 4,1 milhões já foram liberados pelo Fundo Global para o Meio Ambiente, da ONU com o Banco Mundial.
O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, ressaltou que a criação de unidades de conservação marinhas é um mecanismo que teve êxito em São Paulo.
- A ideia não é fechar a porteira (aos navios), é ordenar. São Paulo saiu na frente e, para se proteger dos impactos do Pré-Sal, criou suas unidades de conservação marinhas. Queremos seguir o mesmo caminho. Com a APA marinha, criaremos regras para o espelho d'água - afirmou o secretário.
A falta de fiscalização dos órgãos públicos é outro problema. O superintendente do Inea na Baía da Ilha Grande, Júlio Avelar, informou ontem que o órgão não conta com qualquer embarcação para inspecionar navios petroleiros, plataformas e rebocadores na área. Avelar disse que precisa pedir embarcações ao Ibama e à prefeitura de Angra dos Reis. De acordo com o superintendente, há apenas dois fiscais para atuar no trecho marítimo.
Superintendência do Inea deve ganhar embarcações
Segundo ele, a Capitania dos Portos de Angra tem outros seis navios.
- A superintendência tem sete funcionários para fazer todos os serviços, do licenciamento à fiscalização. Minha maior preocupação é com o boom de embarcações na baía quando as operações do Pré-Sal na Bacia de Santos começarem - ressaltou Avelar, que teve a promessa de Minc de receber duas embarcações de apoio.
Ontem, o vice-presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar), Adrian Ursilli, disse ser favorável ao disciplinamento dos cruzeiros e transatlânticos na Baía da Ilha Grande. Mas acrescentou que as decisões precisam ser tomadas com antecedência. Em nota, o presidente da TurisAngra, Daniel Santiago, afirmou que a Ilha Grande está, com suas águas limpas e próprias para o banho, "de portas abertas para receber visitantes".
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quinta-feira, 15 de setembro de 2011
SOS Ilha Grande 3
A ideia de um "xerife verde" para a Ilha Grande me lembrou a série Flipper, do golfinho. O ator Brian Kelly interpretava o guarda Porter Ricks. Apesar das diferenças, o espírito da proposta é o mesmo.
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SOS Ilha Grande 2
Boa notícia para os que amam e defendem a Ilha Grande, um paraíso em perigo permanente. Não sei como é a estrutura, mas a Ilha precisa de um "xerife verde", uma equipe independente que fiscalize a região 24 horas por dia.
Também já sugeri ao nosso Carlos Minc que faça umas "incertas" por lá, de barco, helicóptero...
Contra poluição: Minc diz que transatlânticos serão limitados na Baía de Ilha Grande
Por Emanuel Alencar
O Globo, 15 de setemebro de 2011
RIO - O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, afirmou na quarta-feira que o número de transatlânticos será limitado na Baía da Ilha Grande, em Angra dos Reis. Minc disse ainda que promoverá, com a Capitania dos Portos, operações para coibir eventuais despejos irregulares de esgoto na região turística. As medidas foram anunciadas um dia depois de O GLOBO mostrar que o Ministério Público estadual recebeu um documento com imagens denunciando focos de poluição na baía .
- A limitação de transatlânticos é a mesma medida que adotamos em Búzios. No fim de outubro vamos lançar o plano de desenvolvimento sustentável da região, estabelecendo os critérios. Conheço a Lagoa Azul e reconheço que deve haver um controle mais forte. A gente não pode permitir em hipótese alguma que a Baía de Ilha Grande vire uma Sepetiba 2 - afirmou Minc, prometendo punir exemplarmente os que cometerem irregularidades.
Minc disse ainda que conseguiu a liberação de R$ 14 milhões do Fundo estadual de Conservação Ambiental (Fecam) para a execução de obras das estações de tratamento em três praias de Ilha Grande: Araçatiba, Saco do Céu e Provetá. A expectativa do secretário é que até o fim do ano estas estações estejam operando.
Presidente da Câmara diz que fiscalização é precária
O presidente da Câmara dos Vereadores de Angra dos Reis, José Antônio Azevedo Gomes (PCdoB), disse ontem, durante sessão especial, que o posto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do município não funciona e que, por conta disso, as inspeções em embarcações na Baía da Ilha Grande são prejudicadas. Segundo ele, o oficial responsável por coordenar as ações fica em Itaguaí, distante 91 quilômetros de Angra. A sessão para discutir as denúncias de poluição no paraíso turístico levou cerca de cem pessoas à Câmara.
Azevedo fez um apelo para que a Anvisa destaque um funcionário para Angra dos Reis. Ele acrescentou que as análises do conteúdo das águas de lastro (água do mar captadas pelas embarcações para garantir suas estabilidades e seguranças operacionais) trazidas pelos navios estão prejudicadas.
- A Anvisa tem um papel de extrema importância na inspeção de navios que chegam de outros países à Baía da Ilha Grande. Mas não temos o órgão ativo na cidade - reclamou o vereador.
Ao percorrer trechos da Baía de Ilha Grande, na tarde de quarta-feira, O GLOBO flagrou embarcações fazendo operações chamadas ship-to-ship, quando há transferência de petróleo entre os navios. O temor de possíveis vazamentos de óleo decorrentes deste processo é a maior preocupação de ambientalistas da região. Na audiência, o gerente do Terminal da Baía da Ilha Grande (Tebig), operado pela Transpetro, Virmar Muzitano, garantiu que estas trocas de combustíveis entre navios seguem normas internacionais de segurança.
- Fazemos estas operações há quase dois anos sem registrar nenhum acidente. Nossa equipe de contingência, para casos de emergência, estão em alerta 24 horas - garantiu o gerente. - São operações feitas no mundo inteiro. Fizemos testes e estudos durante um ano.
Capitania critica descuido de barcos de passageiros
O presidente da TurisAngra, Daniel Santiago, pediu cautela na averiguação das denúncias levantadas pelo dono de uma pousada da praia do Bananal, Carlos Kazuo:
- As informações precisam ter dados técnicos mais profundos. O desenvolvimento das atividades econômicas do Pré-Sal trarão impactos.
Em nota, a Capitania dos Portos do Rio de Janeiro esclareceu que atua de forma preventiva realizando vistorias e inspeções em embarcações objetivando minimizar a ocorrência de acidentes, ou ações de poluição. O delegado da Capitania de Angra dos Reis, André Luis Silva, reforçou a importância de os flagrantes de poluição serem comunicados imediatamente aos órgãos de fiscalização. Ele disse ainda que, durante sua gestão, a maior causa de danos ambientais em praias da Ilha Grande tem sido o descuido de barcos de transporte de passageiros, e não de navios de cargas e plataformas.
- Escunas e saveiros muitas vezes acabam despejando resíduos oleosos na baía - afirmou o delegado.
Para o atendimento ao público, a Delegacia da Capitania dos Portos em Angra dos Reis põe à disposição o endereço eletrônico secom@dlangr.mar.mil.br e o telefone (24) 3365-0365
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quarta-feira, 14 de setembro de 2011
SOS Ilha Grande
É sacanagem! Por onde navega a polícia marítima? E a Capitania...? É caso de polícia! SOS Ilha Grande.
Poluição ameaça Lagoa Azul, cartão-postal da Ilha Grande
Por Emanuel Alencar
O Globo, 14 de setembro de 2011
RIO - A poluição num dos santuários da Ilha Grande mais apreciados por turistas - um trecho no mar conhecido como Lagoa Azul - será tema de uma sessão especial da Câmara dos Vereadores de Angra dos Reis, nesta quarta-feira, às 15h. Há um mês, o Ministério Público estadual recebeu um documento com denúncias sobre despejo de esgoto e outros poluentes, decorrentes de reparos de navios e plataformas de petróleo e do excesso de transatlânticos, entre a Lagoa Azul e a Ponta do Bananal. A convite do presidente da Casa, o vereador José Antônio Gomes (PCdoB), representantes de órgãos ambientais, da Capitania dos Portos e da Transpetro, que administra um terminal em Angra, foram convocados para discutir o assunto.
Na sessão, também serão debatidos os riscos de poluição provocados pela transferência de petróleo entre navios. A incidência de danos ambientais preocupa num momento em que o Porto de Angra passa por obras de ampliação e a circulação de embarcações aumenta a cada dia, impulsionada por atividades ligadas ao Pré-Sal.
Imagens revelam navios sendo pintados no meio da baía
O ponto que recebe a maior atenção de ambientalistas é uma área de cerca de 50 mil metros quadrados, distante dois quilômetros da Enseada do Bananal. A Marinha considera o trecho propício ao fundeio de embarcações - ou seja, onde navios e plataformas podem ficar estacionados. Mas a reclamação de moradores da ilha é que faltam parâmetros para ordenar o entra e sai de navios e plataformas do santuário.
Dono de uma pousada no Bananal, Carlos Kazuo é o autor do dossiê que foi enviado ao MP. No documento, constam imagens de vazamentos de óleo e denúncias de negligência ambiental de embarcações na Ilha Grande há quatro anos. Em 2009, ocorreu o caso mais grave: uma mancha de tinta proveniente da pintura de uma plataforma atingiu a Enseada do Bananal e o Sítio Forte. Há ainda imagens de navios tendo o casco pintado no meio da baía.
- A variedade de nacionalidades de navios que circulam pela Baía da Ilha Grande preocupa, pois não sabemos o que eles carregam nos cascos e nas águas de lastro. Há indícios de que uma espécie invasora de coral foi introduzida pelas embarcações - diz Kazuo.
Outras reclamações são o excesso de motores ligados próximo às praias e o despejo de materiais, como barras de ferros e lonas, no fundo do mar.
As análises das condições de balneabilidade das praias de Ilha Grande mostram que as límpidas águas características do lugar estão sob ameaça. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) faz coletas periódicas em cinco pontos de quatro praias - Provetá, Araçatiba, Saco do Céu e Abraão. No último boletim, divulgado em fevereiro, a Praia de Provetá foi considerada imprópria para o banho.
Outro teste, feito em março pelo laboratório da Selo Verde Consultoria, credenciado pelo Inea, constatou alto índice de coliformes fecais entre a Ponta do Bananal e a Lagoa Azul: 1.100 por mililitro. Mas a gerente de Qualidade da Água do Inea, Fátima Soares, ressalta que é necessário ter uma série histórica com pelo menos seis análises para uma conclusão precisa sobre a balneabilidade.
A qualidade é satisfatória quando, em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver no máximo mil coliformes fecais por cem mililitros de água, conforme estabelece a resolução 274 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Para a bióloga Denise Gueiros, responsável pela análise, a presença de 1.100 coliformes por mililitro indica contaminação a 50 metros da praia:
- Com certeza, houve contaminação no local por fezes humanas, pois o resultado ultrapassa os parâmetros comuns naquela região.
A própria atividade turística contribui para a degradação ambiental da Lagoa Azul, diz o superintendente regional do Inea na Ilha Grande, Júlio Avelar:
- Muitas embarcações jogam material orgânico nas águas. Mas a falta de saneamento é o principal problema.
Ele concorda que é preciso fixar parâmetros para a atracação de navios e plataformas na Baía da Ilha Grande. E reconhece dificuldades na fiscalização:
- É possível que haja plataformas que cheguem sem a anuência do Inea. Algumas irregularidades estão acontecendo. Por isso, é necessário um trabalho conjunto da Capitania dos Portos, do Inea e do Ibama.
Baía da Ilha Grande recebe 80 navios por mês
Para o presidente da Câmara de Angra, José Antônio Gomes, o objetivo da audiência é alertar para a poluição numa área de forte apelo turístico:
- Por mês, chegam 80 navios à Baía da Ilha Grande. Sem contar com as temporadas de férias. É preciso discutir uma alternativa para que essa maravilha seja preservada.
Já para o presidente da TurisAngra, Daniel Santiago, é preciso expandir as opções de roteiro turístico, para "desafogar as áreas com muita concentração de embarcações, como a Lagoa Azul".
A Capitania dos Portos de Angra não retornou as ligações do GLOBO. Já a Transpetro informou que não faz reparos navais na região de Angra nem opera plataformas.
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Gaspari, sempre genial
Excelente ideia de Elio Gaspari de rebatizar com o nome de Eduardo Paes a escola que ficou em último lugar em desempenho. Bela multa!
De Sergio.Buarque@edu para Dilma@gov
ELIO GASPARI
FOLHA DE SP - 14/09/11
Afastem de mim esse cálice e troquem o nome da escola, chamem-na "Prefeito Eduardo Paes"
Companheira Dilma, Veja o que fizeram comigo. A Prefeitura do Rio deu meu nome a uma escola municipal da Barra da Tijuca, e ela foi a última colocada na lista de desempenho dos colégios da cidade. Fez 467 pontos, contra 761 do campeão (o São Bento) e 553 da média nacional. Meu primeiro impulso foi escrever ao prefeito Eduardo Paes repetindo-lhe um pedido do meu filho: "Pai, afasta de mim esse cálice". Tire o meu nome desse pecado. O Evaristo de Moraes, que está aqui comigo, lembrou que proibiu que dessem seu nome a presídios.
Criminalista, não queria ser associado a misérias. Você mesma viveu o absurdo de ser uma das detentas de um presídio chamado Tiradentes. Escrevo-lhe para que leve minha zanga ao prefeito. Ele tem medo de você.
Gastei meus primeiros 80 anos estudando nosso país, a vida e lecionando. Daqui, vi o que aconteceu com a repórter Cibelle Brito quando ela quis saber porque a minha escola foi reprovada. Dois professores trocaram algumas palavras com ela, mas não quiseram dizer seus nomes. Só os alunos falaram, queixando-se.
Companheira, olhe para a Escola Municipal Sérgio Buarque de Hollanda com atenção. Está mal conservada e os professores reclamam dos salários, mas há algo mais profundo. É a condição dos "desterrados em nossa terra". Os moradores daquele pedaço da Barra da Tijuca desterraram seus filhos para bons colégios, em outros bairros. Quem estuda lá são os desterrados de outras localidades, mais pobres.
Outro dia o Darcy Ribeiro (sempre encantado pela Leila Diniz) ria do desconforto causado na burocracia educacional pelas avaliações dos desempenhos das escolas. Os americanos transformaram o desempenho em pedra angular de seu sistema. Copiamos. Agora os americanos começam a criticar essa aferição, falamos em destruí-la. Tudo ou nada. Não entra no debate o absurdo de escolas que não servem aos moradores de suas localidades. A aferição é apenas uma medida. Sem mais nada, nada é. Sabendo que citar Sérgio Buarque dignifica qualquer texto, cito-me: "De todas as formas de evasão da realidade, a crença mágica no poder das ideias pareceu-nos a mais dignificante em nossa adolescência política e social".
Para que não se diga que estou num exercício livresco, faço-lhe uma proposta. Continuem a dar o nome dos outros a escolas, mas a partir de hoje, toda vez que um colégio ficar em último lugar no Enem, abaixo da média nacional, a homenagem será suspensa temporariamente, e a instituição, rebatizada com o nome do prefeito ou do governador. (No caso de escolas federais, com o seu.) Assim, peço à garotada da "Sérgio Buarque de Hollanda" que não queiram mal a este velho fuçador de documentos, mas, a partir de hoje, digam que estudam na Escola Municipal Eduardo Paes.
Despeço-me desejando-lhe um bom governo, certo de que este fundador do PT ainda não tem motivos para rasgar a carteirinha (nº 003). Passaram-se 75 anos da publicação do meu "Raízes do Brasil" e, felizmente, posso dizer que a democracia, no Brasil, já não é "um lamentável mal-entendido".
Sérgio Buarque de Hollanda
De Sergio.Buarque@edu para Dilma@gov
ELIO GASPARI
FOLHA DE SP - 14/09/11
Afastem de mim esse cálice e troquem o nome da escola, chamem-na "Prefeito Eduardo Paes"
Companheira Dilma, Veja o que fizeram comigo. A Prefeitura do Rio deu meu nome a uma escola municipal da Barra da Tijuca, e ela foi a última colocada na lista de desempenho dos colégios da cidade. Fez 467 pontos, contra 761 do campeão (o São Bento) e 553 da média nacional. Meu primeiro impulso foi escrever ao prefeito Eduardo Paes repetindo-lhe um pedido do meu filho: "Pai, afasta de mim esse cálice". Tire o meu nome desse pecado. O Evaristo de Moraes, que está aqui comigo, lembrou que proibiu que dessem seu nome a presídios.
Criminalista, não queria ser associado a misérias. Você mesma viveu o absurdo de ser uma das detentas de um presídio chamado Tiradentes. Escrevo-lhe para que leve minha zanga ao prefeito. Ele tem medo de você.
Gastei meus primeiros 80 anos estudando nosso país, a vida e lecionando. Daqui, vi o que aconteceu com a repórter Cibelle Brito quando ela quis saber porque a minha escola foi reprovada. Dois professores trocaram algumas palavras com ela, mas não quiseram dizer seus nomes. Só os alunos falaram, queixando-se.
Companheira, olhe para a Escola Municipal Sérgio Buarque de Hollanda com atenção. Está mal conservada e os professores reclamam dos salários, mas há algo mais profundo. É a condição dos "desterrados em nossa terra". Os moradores daquele pedaço da Barra da Tijuca desterraram seus filhos para bons colégios, em outros bairros. Quem estuda lá são os desterrados de outras localidades, mais pobres.
Outro dia o Darcy Ribeiro (sempre encantado pela Leila Diniz) ria do desconforto causado na burocracia educacional pelas avaliações dos desempenhos das escolas. Os americanos transformaram o desempenho em pedra angular de seu sistema. Copiamos. Agora os americanos começam a criticar essa aferição, falamos em destruí-la. Tudo ou nada. Não entra no debate o absurdo de escolas que não servem aos moradores de suas localidades. A aferição é apenas uma medida. Sem mais nada, nada é. Sabendo que citar Sérgio Buarque dignifica qualquer texto, cito-me: "De todas as formas de evasão da realidade, a crença mágica no poder das ideias pareceu-nos a mais dignificante em nossa adolescência política e social".
Para que não se diga que estou num exercício livresco, faço-lhe uma proposta. Continuem a dar o nome dos outros a escolas, mas a partir de hoje, toda vez que um colégio ficar em último lugar no Enem, abaixo da média nacional, a homenagem será suspensa temporariamente, e a instituição, rebatizada com o nome do prefeito ou do governador. (No caso de escolas federais, com o seu.) Assim, peço à garotada da "Sérgio Buarque de Hollanda" que não queiram mal a este velho fuçador de documentos, mas, a partir de hoje, digam que estudam na Escola Municipal Eduardo Paes.
Despeço-me desejando-lhe um bom governo, certo de que este fundador do PT ainda não tem motivos para rasgar a carteirinha (nº 003). Passaram-se 75 anos da publicação do meu "Raízes do Brasil" e, felizmente, posso dizer que a democracia, no Brasil, já não é "um lamentável mal-entendido".
Sérgio Buarque de Hollanda
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quinta-feira, 28 de julho de 2011
João Saldanha na TV Brasil
Legal a matéria do site da Revista do Cinema Brasileiro sobre a minha entrevista falando do nosso filme "João". Eles produziram um programa sobre documentários brasileiros. Na pauta, além do "João", "Bezerra da Silva" e "Serra Pelada". Todos produzidos pela TV Zero. O programa vai ao no próximo sábado, 20h30, na TV Brasil.
"Dois Jornalistas"
“Mais do que qualquer coisa eu sou um jornalista”. Foi com essa afirmação que começou o meu papo com André Iki Siqueira, autor da elogiada biografia “João Saldanha, Uma vida em Jogo” e diretor do documentário João, longametragem sobre a vida do jornalista e comentarista de futebol João Saldanha. Com a afirmação Iki, gentilmente, só quis deixar claro que mais do que um trabalho ficcional, estético e de construção cinematográfica, o filme João é um trabalho minucioso de pesquisa de campo, acervo e textual. Um trabalho realmente jornalístico do ponto de vista do diretor. Sério e compenetrado, Iki, quase se deixou trair pela emoção ao falar daquele que parece ser seu grande ídolo, João Saldanha, o jornalista e também ativista político que marcou a história do futebol brasileiro. “Tanto o filme como o livro são os trabalhos que eu tenho mais orgulho na minha vida. Mas eu acho que o mais importante para mim foi conseguir produzir, dirigir um filme reconstruindo, a vida de uma pessoa que realmente sempre esteve em jogo”, disse Iki.
Geovana Cypreste
terça-feira, 19 de julho de 2011
Estão querendo enganar quem?
João Ubaldo Ribeiro - O Globo e O Estado de S.Paulo
Li em algum jornal que a Fifa, essa organização da qual volta e meia se evola um odorzinho de mutreta, que lida com cachoeiras de dinheiro, cujas decisões são às vezes vistas como fruto de processos viciados e que, enfim, não é nenhuma casa pia, ameaçou fazer a Copa de 14 na Espanha, se as obras aqui não forem apressadas - ou até mesmo iniciadas, como dizem que é o caso de muitas. Por artes do caprichoso destino, isso pode interessar à Espanha, que tem estrutura e está pendurada. Pode interessar a toda a Europa, aliás, devido ao reflexo dos problemas espanhóis na economia do euro. E talvez o Brasil nem conseguisse ir aos jogos, porque os espanhóis poderiam aparelhar os aeroportos para otimizar sua já tradicional deportação de brasileiros.
Apressar as obras significa, como também se divulga muito, relaxar controles sobre custos e gastos. Claro, qualquer que seja o resultado dos debates, todo mundo sabe que haverá roubo. Se for feita uma enquete, tenho certeza de que a grande maioria dos brasileiros acredita que vai haver roubo nessas obras, com sigilo, sem sigilo, de que forma for. Existirá sempre um jeito de roubar, entendido isto como faturamento fraudulento, propinas, desvios de materiais e serviços e, enfim, todo tipo de trambique aplicável, num repertório em que seguramente somos líderes mundiais.
Sim, todo mundo está cansado de saber disso. Então para que tanta complicação inútil, se tudo vai ser mesmo garfado, sempre foi, desde que nos entendemos e ninguém tem problemas ao ganhar dinheiro desse jeito? Há tantos estádios a construir, tantos aeroportos a reformar, tantas obras públicas, tantas armações que podiam já estar rendendo grana e ficamos nessa demora ridícula, repetindo atos ou palavras que nunca resolveram nada. Tanto o que surrupiar já dando sopa aí e esse pessoal perdendo tempo em formalidades que todo mundo sabe que não servem para nada, a não ser para embalar o sono dos que as ouvirem, em forma de discursos, no Senado Federal. Não havia nem necessidade da mãozinha que a Fifa está querendo dar (ou meter).
É difícil assistir a um noticiário de televisão em que não seja mostrado o desbaratamento e prisão (e imediata soltura, em questão de segundos) de pelo menos uma quadrilha que fraudava algum órgão público. Difícil, não, impossível; não me recordo de nenhum. Se qualquer político for acusado de ladrão numa roda de conversa, dificilmente alguém o defenderá com convicção, porque confere com o padrão que nos acostumamos a aplicar à nossa sociedade. Nenhum tipo de falcatrua ou sordidez nos surpreende e é bastante comum que, nessas conversas, alguém lembre uma história bem pior.
E os parlamentares, se não são todos ladrões em sentido amplo, são beneficiários impudentes de uma abundância obscena de privilégios, a começar pelo imoralíssimo foro especial, que os põe numa acintosa classe acima dos governados, a quem não prestam satisfações e cuja vontade ignoram, se não coincide com seus interesses. Há sentido nas miríades de "ajudas", nos fantásticos seguros de saúde, nas generosíssimas viagens e em tudo mais de que desfrutam para mal e pouco trabalhar, isto quando trabalham? Os estrangeiros têm dificuldade em compreender como uma sociedade aceita esse deboche deslavado, que ainda lhe é impingido com arrogância e ostentação de poder. Não acho de todo descabida a semelhança que vejo entre esses privilégios e os da corte de Luís XIV, na França do século 18. De fato, como já disse aqui, o Estado entre nós não é o rei, que não temos; mas o Estado entre nós é dos governantes e a soberania é deles, respeitados os donos da economia.
No serviço público, a falta de compostura e o nepotismo, embora hoje disfarçado pelos intrincados laços familiares dos brasileiros, são a regra. O que é público não é de ninguém, começando pelo material de escritório levado para casa e terminando pelos cartões corporativos. Ocupantes de cargos públicos de relevância se associam secretamente a empresas de "consultoria" e assim ganham fortunas, fazendo na verdade advocacia administrativa e tráfico de influência. Egressos do serviço público caem na mesma prática, pois o serviço público aqui não é para o público, mas para quem o presta, ou alega prestar. O serviço público é uma oportunidade para "se fazer". Comportam-se assim até os menos rapineiros, que se contentam em "colocar" um filho aqui ou acolá, ou bem encaminhar seu futuro depois da política, apesar de já bastante acolchoado por aposentadorias magnânimas e benesses liberais.
E ninguém, afinal, é punido por nada. Se antes isso se aplicava somente aos ricos e poderosos, agora vale para todos. A melhor maneira de matar alguém no Brasil é ficar bêbado, pegar o carro e atropelar a vítima. Aí o atropelador se recusa a usar o bafômetro e vai para casa, responder a processo em liberdade, para, no caso difícil de vir a ser condenado, cumprir a pena também em liberdade. Embriaguez pode até virar atenuante, surto psicótico. Matar gente, aliás, é cada vez mais fácil, talvez mais que roubar. Matar bicho nem tanto, mas pega mal o sujeito sair dizendo que está sob a proteção do Ibama.
É por essas e outras que eu digo: vamos parar com essa enrolação toda, que chega a nem ficar bem, parece sabotagem com a Seleção. Não já estamos exaustos de saber que, em ocasiões semelhantes, meteram a mão na granolina para valer? Não é assim que se faz e sempre se fez neste país, como costumava lembrar um grande líder nosso? Então vamos liberar logo essa grana e sossegar a rapaziada, corrupto também fica estressado. E, afinal de contas, não somos assim tão bestas, pensam que estão nos enganando, mas não estão. Nós sabemos de tudo e não somos bobos, somos apenas omissos, submissos, cínicos e cada vez mais moralmente insensíveis - ninguém é perfeito.
Li em algum jornal que a Fifa, essa organização da qual volta e meia se evola um odorzinho de mutreta, que lida com cachoeiras de dinheiro, cujas decisões são às vezes vistas como fruto de processos viciados e que, enfim, não é nenhuma casa pia, ameaçou fazer a Copa de 14 na Espanha, se as obras aqui não forem apressadas - ou até mesmo iniciadas, como dizem que é o caso de muitas. Por artes do caprichoso destino, isso pode interessar à Espanha, que tem estrutura e está pendurada. Pode interessar a toda a Europa, aliás, devido ao reflexo dos problemas espanhóis na economia do euro. E talvez o Brasil nem conseguisse ir aos jogos, porque os espanhóis poderiam aparelhar os aeroportos para otimizar sua já tradicional deportação de brasileiros.
Apressar as obras significa, como também se divulga muito, relaxar controles sobre custos e gastos. Claro, qualquer que seja o resultado dos debates, todo mundo sabe que haverá roubo. Se for feita uma enquete, tenho certeza de que a grande maioria dos brasileiros acredita que vai haver roubo nessas obras, com sigilo, sem sigilo, de que forma for. Existirá sempre um jeito de roubar, entendido isto como faturamento fraudulento, propinas, desvios de materiais e serviços e, enfim, todo tipo de trambique aplicável, num repertório em que seguramente somos líderes mundiais.
Sim, todo mundo está cansado de saber disso. Então para que tanta complicação inútil, se tudo vai ser mesmo garfado, sempre foi, desde que nos entendemos e ninguém tem problemas ao ganhar dinheiro desse jeito? Há tantos estádios a construir, tantos aeroportos a reformar, tantas obras públicas, tantas armações que podiam já estar rendendo grana e ficamos nessa demora ridícula, repetindo atos ou palavras que nunca resolveram nada. Tanto o que surrupiar já dando sopa aí e esse pessoal perdendo tempo em formalidades que todo mundo sabe que não servem para nada, a não ser para embalar o sono dos que as ouvirem, em forma de discursos, no Senado Federal. Não havia nem necessidade da mãozinha que a Fifa está querendo dar (ou meter).
É difícil assistir a um noticiário de televisão em que não seja mostrado o desbaratamento e prisão (e imediata soltura, em questão de segundos) de pelo menos uma quadrilha que fraudava algum órgão público. Difícil, não, impossível; não me recordo de nenhum. Se qualquer político for acusado de ladrão numa roda de conversa, dificilmente alguém o defenderá com convicção, porque confere com o padrão que nos acostumamos a aplicar à nossa sociedade. Nenhum tipo de falcatrua ou sordidez nos surpreende e é bastante comum que, nessas conversas, alguém lembre uma história bem pior.
E os parlamentares, se não são todos ladrões em sentido amplo, são beneficiários impudentes de uma abundância obscena de privilégios, a começar pelo imoralíssimo foro especial, que os põe numa acintosa classe acima dos governados, a quem não prestam satisfações e cuja vontade ignoram, se não coincide com seus interesses. Há sentido nas miríades de "ajudas", nos fantásticos seguros de saúde, nas generosíssimas viagens e em tudo mais de que desfrutam para mal e pouco trabalhar, isto quando trabalham? Os estrangeiros têm dificuldade em compreender como uma sociedade aceita esse deboche deslavado, que ainda lhe é impingido com arrogância e ostentação de poder. Não acho de todo descabida a semelhança que vejo entre esses privilégios e os da corte de Luís XIV, na França do século 18. De fato, como já disse aqui, o Estado entre nós não é o rei, que não temos; mas o Estado entre nós é dos governantes e a soberania é deles, respeitados os donos da economia.
No serviço público, a falta de compostura e o nepotismo, embora hoje disfarçado pelos intrincados laços familiares dos brasileiros, são a regra. O que é público não é de ninguém, começando pelo material de escritório levado para casa e terminando pelos cartões corporativos. Ocupantes de cargos públicos de relevância se associam secretamente a empresas de "consultoria" e assim ganham fortunas, fazendo na verdade advocacia administrativa e tráfico de influência. Egressos do serviço público caem na mesma prática, pois o serviço público aqui não é para o público, mas para quem o presta, ou alega prestar. O serviço público é uma oportunidade para "se fazer". Comportam-se assim até os menos rapineiros, que se contentam em "colocar" um filho aqui ou acolá, ou bem encaminhar seu futuro depois da política, apesar de já bastante acolchoado por aposentadorias magnânimas e benesses liberais.
E ninguém, afinal, é punido por nada. Se antes isso se aplicava somente aos ricos e poderosos, agora vale para todos. A melhor maneira de matar alguém no Brasil é ficar bêbado, pegar o carro e atropelar a vítima. Aí o atropelador se recusa a usar o bafômetro e vai para casa, responder a processo em liberdade, para, no caso difícil de vir a ser condenado, cumprir a pena também em liberdade. Embriaguez pode até virar atenuante, surto psicótico. Matar gente, aliás, é cada vez mais fácil, talvez mais que roubar. Matar bicho nem tanto, mas pega mal o sujeito sair dizendo que está sob a proteção do Ibama.
É por essas e outras que eu digo: vamos parar com essa enrolação toda, que chega a nem ficar bem, parece sabotagem com a Seleção. Não já estamos exaustos de saber que, em ocasiões semelhantes, meteram a mão na granolina para valer? Não é assim que se faz e sempre se fez neste país, como costumava lembrar um grande líder nosso? Então vamos liberar logo essa grana e sossegar a rapaziada, corrupto também fica estressado. E, afinal de contas, não somos assim tão bestas, pensam que estão nos enganando, mas não estão. Nós sabemos de tudo e não somos bobos, somos apenas omissos, submissos, cínicos e cada vez mais moralmente insensíveis - ninguém é perfeito.
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quarta-feira, 4 de maio de 2011
O Maracanã e você
Meu Maracanã no Blog do Juca Kfouri. Começou o jogo!!! Valeu, Juca!!!
O Maracanã e você
André Iki Siqueira, autor do excelente “João Saldanha, Uma Vida em Jogo”, pela Companhia Editora Nacional, começou uma nova empreitada: “Maracanã, Inesquecível”.
Quer colher 30 depoimentos com histórias saborosas sobre o templo e começou por ouvir Chico Buarque de Hollanda.
Ouvirá do sorveteiro ao artilheiro, passando por treinadores, cartolas, craques, jornalistas, enfim, pelas mais variadas personalidades.
Quem sabe consiga ouvir até a grã-fina de nariz de cera de Nelson Rodrigues que perguntava quem era a bola.
E Siqueira aceita contribuições neste endereço:maracanainesquecivel@globo.com
Nada mais oportuno até porque o Maracanã que todos nós conhecemos não existe e nem existirá mais, graças à Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
O Maracanã e você
André Iki Siqueira, autor do excelente “João Saldanha, Uma Vida em Jogo”, pela Companhia Editora Nacional, começou uma nova empreitada: “Maracanã, Inesquecível”.
Quer colher 30 depoimentos com histórias saborosas sobre o templo e começou por ouvir Chico Buarque de Hollanda.
Ouvirá do sorveteiro ao artilheiro, passando por treinadores, cartolas, craques, jornalistas, enfim, pelas mais variadas personalidades.
Quem sabe consiga ouvir até a grã-fina de nariz de cera de Nelson Rodrigues que perguntava quem era a bola.
E Siqueira aceita contribuições neste endereço:maracanainesquecivel@globo.com
Nada mais oportuno até porque o Maracanã que todos nós conhecemos não existe e nem existirá mais, graças à Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
terça-feira, 3 de maio de 2011
Maracanã, Inesquecível
Nota publicada ontem na coluna Gente Boa, de Joaquim Ferreira dos Santos - O Globo. Quem tiver boas histórias: maracanainesquecivel@globo.com.
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terça-feira, 12 de abril de 2011
Mão leve tcheca
Sucesso na web. "TV mostra presidente tcheco 'furtando' caneta em coletiva No YouTube, imagens já receberam mais de 600 mil acessos. Vaclav Klaus participava de coletiva com chileno Sebastián Piñera". Assista: http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2011/04/tv-mostra-presidente-tcheco-furtando-caneta-em-coletiva.html
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segunda-feira, 11 de abril de 2011
Sóbrio!!!
Estava na manchete de O Globo, há 50 anos: "Pelé preocupa Jânio". O presidente estava contra a exportação de Pelé. Imaginem quantas eles beberia hoje, vendo os nossos jogadores brilhando no comércio exterior.
"O presidente Jânio Quadros enviou ao presidente do CND, deputado Mendonça Falcão, o seguinte memorando: "Preocupa-me a reiterada contratação de futebolistas brasileiros por clubes estrangeiros. Desejam, agora, 'importar' também Pelé! Cumpre evitar tal processo de enfraquecimento da seleção campeã do mundo, pois a 'exportação' de nossos atletas não nos interessa. Aguardo providências."
Realengo e as armas
Faço questão de transcrever a entrevista de Luiz Eduardo Soares ao Poder Online, do iG. Ele ilumina o cenário pós-massacre e alerta para quem quiser ouvir e agir.
"Luiz Eduardo Soares: Há uma imensa negligência com a questão da arma no Brasil"
A sociedade brasileira não pode se iludir. Crimes como o assassinato de estudantes na escola Tasso de Silveira no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro, podem acontecer de novo. A opinião é do ex-secretário nacional de Segurança Pública, o antropólogo Luiz Eduardo Soares. Para ele, apesar de não ser previsível e controlável, a tragédia poderia ter sido evitada “se não houvesse essa imensa negligência com a questão da arma no Brasil”.
Nesta entrevista ao Poder Online, Soares, que também foi coordenador de segurança do Estado do Rio de Janeiro (de 1999 a 2000), defende que o governo crie todas as todas as dificuldades possíveis para que as armas não cheguem até os cidadãos. Inclusive aos cidadãos de bem. “É uma ilusão achar que o indivíduo não profissional pode recorrer às armas para se defender.”
Poder Online – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que a tragédia de Realengo reforça a necessidade de ações mais enérgicas do governo contra o uso das armas e anunciou que uma nova campanha pelo desarmamento começa em junho. Como o senhor vê essa decisão?
Luiz Eduardo Soares - É muito importante, sábia, madura e no caminho correto. Não temos nenhuma alternativa agora senão procurar evitar que as loucuras e transtornos individuais se armem. Não podemos impedir que os seres humanos vivenciem situações que lhes conduzam a extremos como o que testemunhamos. Em alguns casos é até possível, mas há casos – como este – que são absolutamente incontroláveis e imprevisíveis. Não há como blindarmos e protegermos todas as escolas e crianças, infelizmente. No entanto, nós podemos, sim, impedir que essas perversões individuais se armem. Essa é a nossa responsabilidade. Sabemos há muitos e muitos anos que a disponibilidade de armas é um dos fatores preponderantes que condicionam os níveis elevadíssimos de homicídios dolosos no Brasil. Sabemos que a melhor forma, portanto, de reduzir os homicídios e controlar essa dinâmica trágica é criar todas as dificuldades possíveis para que as armas não cheguem até os cidadãos.
Poder Online - E os que justificam que compram as armas para se defender?
Luiz Eduardo Soares - A regra também é para os cidadãos de bem, que muitas vezes acabam recorrendo às armas, mas que em um determinado momento, ao invés de ser um instrumento de proteção, se converte num acervo de destruição. É uma ilusão achar que o indivíduo não profissional pode recorrer às armas para se defender. Esses são exceção. As estatísticas apontam o contrário: mesmo entre cidadãos de bem as armas não ajudam. Elas aumentam as chances de acidentes, aumentam as chances de homicídios, fazem com que a violência doméstica se converta em tragédia letal. Por todas as razões do mundo, as armas devem ser controladas. Temos hoje no Brasil cerca de 16 milhões de armas na sociedade. Sendo que metade delas é ilegal. Estão circulando ilegalmente e as instituições públicas não têm sido capaz de controlar essa disseminação. É preciso uma atitude muito mais rigorosa por parte das autoridades políticas.
Poder Online - A decisão do governo de lançar a campanha de desarmamento no meio da tragédia foi uma forma de dar uma resposta à sociedade?
Luiz Eduardo Soares - Claro que sim. A sociedade esperava do governo algum pronunciamento, alguma resposta, algum tipo de iniciativa que sugerisse uma reação. Não se pode simplesmente contemplar a tragédia de braços cruzados. Ela, infelizmente, já aconteceu. Mas o dever dos governantes é examinar a situação, analisar o quadro e encontrar uma maneira de agir para que casos futuros, se não forem impedidos, sejam pelo menos reduzidos em probabilidade. Sabemos que o único vertente, neste caso, passível de controle por parte do poder público é o acesso às armas. Isso tem a ver não só com essas loucuras perversas que podem se disseminar no Brasil, como também com a própria dinâmica usual da segurança pública.
Poder Online - O senhor acredita que a tragédia de Realengo tem a ver com o resultado do referendo de 2005, quando mais de 60% votou contra a proibição do comércio de armas de fogo e munição no Brasil?
Luiz Eduardo Soares - Não é que tem a ver com o referendo. O Brasil avançou bastante nessa área de controle de armas porque se constituiu uma consciência a respeito disso na sociedade. Vou lhe dar um exemplo bastante prático: em 1999, quando estive no governo do Rio com responsabilidade na área da segurança, liderei uma campanha pelo desarmamento e propus, com colegas da equipe e com interlocutores na sociedade civil e também no governo, uma pesquisa a respeito das armas no Rio de Janeiro. Tínhamos 350 mil armas que estavam sob a cautela do Estado, armazenadas em um depósito especialmente construído para isso na Polícia Civil. Fizemos a pesquisa e chegamos a uma conclusão que a imensa maioria, cerca de 85% dessas armas que tinham sido recolhidas, era constituída por pistolas e revólveres. Ou seja, identificamos, portanto, que eram as armas leves e nacionais que estavam alimentado a criminalidade. Essas primeiras informações punham por terra os mitos de que os problemas eram armas importadas, contrabandeadas e longas. Além disso, fizemos também um apelo ao Exército, responsável pelas armas do país, que nos apresentasse a lista com os nomes dos proprietários das armas que tinham seus números identificados. Queríamos saber quem as tinham comprado. Para a nossa perplexidade, 90% dos proprietários daquelas armas que caíram nas mãos dos criminosos eram pessoas inexistentes, eram identidades falsas. O que significa que as informações oficiais brasileiras eram informações falsificadas já na base da comercialização. E elas não estavam sendo checadas e verificadas. Era como se não estivéssemos em meio a uma imensa tragédia na segurança pública. A tragédia estava sendo tratada com negligência, não estava tendo a atenção necessária na fiscalização.
Poder Online - É possível afirmar que houve avanços desde então?
Luiz Eduardo Soares - Esse quadro aterrador de negligência e indiferença de todos os poderes – da Polícia Federal, do Exército, dos governos dos Estados e da própria sociedade – nos mostrou que estávamos nos tornando muito vulneráveis. E acho que houve um avanço muito grande desde esses primeiros esforços, que acabou se sintetizando e se expressando no referendo de 2005. Infelizmente, por uma série de questões, o referendo foi muito mal conduzido, as propostas de proibição ao comércio de armas foram mal apresentadas e não foram compreendidas adequadamente. Os lobbies das armas acabaram se aproveitando da crise política do governo, que não teve liderança política o suficiente - por falta de credibilidade – para apontar um caminho alternativo. E esse contexto muito particular fez com que nós sofrêssemos uma tremenda derrota. Mas, apesar dessa derrota, já tínhamos conseguido alguns avanços, inclusive na própria constituição do Estatuto do Desarmamento. E esses avanços, de acordo com vários pesquisadores, já foram suficientes para promover uma redução no número de homicídios.
Poder Online - Mas o fato de uma das armas usadas pelo atirador na tragédia de Realengo ter sido roubada há mais de dez anos e a facilidade para comprar munições não mostra que ainda há muito no que se avançar?
Luiz Eduardo Soares - No Brasil há ainda uma leniência e uma tolerância enorme com as práticas irresponsáveis e até criminosas na negociação no comércio das armas. A verdade é que qualquer um pode ter acesso a armas no Brasil porque há muita facilidade para transgredir as normas. Precisamos fazer com que as normas restritivas – que são insuficientes, mas são as que existem – sejam praticadas. Mas para isso é preciso que haja fiscalização. Temos de ver as instituições motivadas para o controle das armas. A Polícia Federal, por exemplo, se empenha em muitas investigações no plano empresarial e político contra a corrupção, mas qual foi a grande operação da Polícia Federal contra as armas ilegais? E nas secretarias de seguranças dos Estados, qual a importância que se atribui ao controle, à fiscalização e à retenção das armas ilegais? Isso tem que ser uma prioridade absoluta para as polícias.
Poder Online - Neste momento, especialistas de todas as áreas tentam buscar explicações para o que aconteceu na escola Tasso da Silveira, mas alguns admitem que a tragédia seja inexplicável. O senhor concorda?
Luiz Eduardo Soares - Sim. Nós, seres humanos, não suportamos o incompressível, o ininteligível, o enigmático, aquilo que trai as nossas expectativas. Nos sentimos muito angustiados quando estamos diante de algo que não conhecemos e que, por consequência, significa que não se pode controlar. Todas as explicações possíveis para um fato como esse são explicados a posteriori. Esse é um exercício que pode ser feito, mas é sempre, no máximo, capaz de mostrar que talvez haja alguma correlação entre a experiência existencial e a estrutura desequilibrada com o crime que ele praticou. Mas isso não nos dá de forma alguma conhecimento do ato e de suas causas. Porque esse é um ato que se dá em situações extremas e, por definição, imprevisível, que está na conta da liberdade da iniciativa humana. A liberdade, no caso, usada na forma perversa e destruidora.
Poder Online - Não há, então, como prever que casos semelhantes aconteçam daqui para frente no Brasil?
Luiz Eduardo Soares – Não há como nós concebermos uma fórmula capaz de explicar esse ato de tal maneira que pudéssemos prever a reprodução desse ato em situações futuras. E nós não conseguimos montar nenhuma operação que blinde e proteja as nossas crianças e a nós mesmos. Não há como, aqui, culpar governos, culpar políticas de segurança, políticas de saúde ou buscar grandes explicações. São esforços condenados ao fracasso. Ao encontrar culpados e possíveis explicações, nos sentimos mais seguros e um pouco mais apaziguados com o nosso sentimento de instabilidade interior. Mas é importante não nos iludir: fatos desse tipo podem acontecer de novo, infelizmente. E nós não seremos capazes de prevê-los, nem de controlá-los. O que podemos fazer é reduzir sua incidência apostando no controle de armas para que loucuras individuais não se armem e não produzam efeitos tão desastrosos – que não ocorreriam se não houvesse essa imensa negligência com a questão da arma no Brasil.
"Luiz Eduardo Soares: Há uma imensa negligência com a questão da arma no Brasil"
A sociedade brasileira não pode se iludir. Crimes como o assassinato de estudantes na escola Tasso de Silveira no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro, podem acontecer de novo. A opinião é do ex-secretário nacional de Segurança Pública, o antropólogo Luiz Eduardo Soares. Para ele, apesar de não ser previsível e controlável, a tragédia poderia ter sido evitada “se não houvesse essa imensa negligência com a questão da arma no Brasil”.
Nesta entrevista ao Poder Online, Soares, que também foi coordenador de segurança do Estado do Rio de Janeiro (de 1999 a 2000), defende que o governo crie todas as todas as dificuldades possíveis para que as armas não cheguem até os cidadãos. Inclusive aos cidadãos de bem. “É uma ilusão achar que o indivíduo não profissional pode recorrer às armas para se defender.”
Poder Online – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que a tragédia de Realengo reforça a necessidade de ações mais enérgicas do governo contra o uso das armas e anunciou que uma nova campanha pelo desarmamento começa em junho. Como o senhor vê essa decisão?
Luiz Eduardo Soares - É muito importante, sábia, madura e no caminho correto. Não temos nenhuma alternativa agora senão procurar evitar que as loucuras e transtornos individuais se armem. Não podemos impedir que os seres humanos vivenciem situações que lhes conduzam a extremos como o que testemunhamos. Em alguns casos é até possível, mas há casos – como este – que são absolutamente incontroláveis e imprevisíveis. Não há como blindarmos e protegermos todas as escolas e crianças, infelizmente. No entanto, nós podemos, sim, impedir que essas perversões individuais se armem. Essa é a nossa responsabilidade. Sabemos há muitos e muitos anos que a disponibilidade de armas é um dos fatores preponderantes que condicionam os níveis elevadíssimos de homicídios dolosos no Brasil. Sabemos que a melhor forma, portanto, de reduzir os homicídios e controlar essa dinâmica trágica é criar todas as dificuldades possíveis para que as armas não cheguem até os cidadãos.
Poder Online - E os que justificam que compram as armas para se defender?
Luiz Eduardo Soares - A regra também é para os cidadãos de bem, que muitas vezes acabam recorrendo às armas, mas que em um determinado momento, ao invés de ser um instrumento de proteção, se converte num acervo de destruição. É uma ilusão achar que o indivíduo não profissional pode recorrer às armas para se defender. Esses são exceção. As estatísticas apontam o contrário: mesmo entre cidadãos de bem as armas não ajudam. Elas aumentam as chances de acidentes, aumentam as chances de homicídios, fazem com que a violência doméstica se converta em tragédia letal. Por todas as razões do mundo, as armas devem ser controladas. Temos hoje no Brasil cerca de 16 milhões de armas na sociedade. Sendo que metade delas é ilegal. Estão circulando ilegalmente e as instituições públicas não têm sido capaz de controlar essa disseminação. É preciso uma atitude muito mais rigorosa por parte das autoridades políticas.
Poder Online - A decisão do governo de lançar a campanha de desarmamento no meio da tragédia foi uma forma de dar uma resposta à sociedade?
Luiz Eduardo Soares - Claro que sim. A sociedade esperava do governo algum pronunciamento, alguma resposta, algum tipo de iniciativa que sugerisse uma reação. Não se pode simplesmente contemplar a tragédia de braços cruzados. Ela, infelizmente, já aconteceu. Mas o dever dos governantes é examinar a situação, analisar o quadro e encontrar uma maneira de agir para que casos futuros, se não forem impedidos, sejam pelo menos reduzidos em probabilidade. Sabemos que o único vertente, neste caso, passível de controle por parte do poder público é o acesso às armas. Isso tem a ver não só com essas loucuras perversas que podem se disseminar no Brasil, como também com a própria dinâmica usual da segurança pública.
Poder Online - O senhor acredita que a tragédia de Realengo tem a ver com o resultado do referendo de 2005, quando mais de 60% votou contra a proibição do comércio de armas de fogo e munição no Brasil?
Luiz Eduardo Soares - Não é que tem a ver com o referendo. O Brasil avançou bastante nessa área de controle de armas porque se constituiu uma consciência a respeito disso na sociedade. Vou lhe dar um exemplo bastante prático: em 1999, quando estive no governo do Rio com responsabilidade na área da segurança, liderei uma campanha pelo desarmamento e propus, com colegas da equipe e com interlocutores na sociedade civil e também no governo, uma pesquisa a respeito das armas no Rio de Janeiro. Tínhamos 350 mil armas que estavam sob a cautela do Estado, armazenadas em um depósito especialmente construído para isso na Polícia Civil. Fizemos a pesquisa e chegamos a uma conclusão que a imensa maioria, cerca de 85% dessas armas que tinham sido recolhidas, era constituída por pistolas e revólveres. Ou seja, identificamos, portanto, que eram as armas leves e nacionais que estavam alimentado a criminalidade. Essas primeiras informações punham por terra os mitos de que os problemas eram armas importadas, contrabandeadas e longas. Além disso, fizemos também um apelo ao Exército, responsável pelas armas do país, que nos apresentasse a lista com os nomes dos proprietários das armas que tinham seus números identificados. Queríamos saber quem as tinham comprado. Para a nossa perplexidade, 90% dos proprietários daquelas armas que caíram nas mãos dos criminosos eram pessoas inexistentes, eram identidades falsas. O que significa que as informações oficiais brasileiras eram informações falsificadas já na base da comercialização. E elas não estavam sendo checadas e verificadas. Era como se não estivéssemos em meio a uma imensa tragédia na segurança pública. A tragédia estava sendo tratada com negligência, não estava tendo a atenção necessária na fiscalização.
Poder Online - É possível afirmar que houve avanços desde então?
Luiz Eduardo Soares - Esse quadro aterrador de negligência e indiferença de todos os poderes – da Polícia Federal, do Exército, dos governos dos Estados e da própria sociedade – nos mostrou que estávamos nos tornando muito vulneráveis. E acho que houve um avanço muito grande desde esses primeiros esforços, que acabou se sintetizando e se expressando no referendo de 2005. Infelizmente, por uma série de questões, o referendo foi muito mal conduzido, as propostas de proibição ao comércio de armas foram mal apresentadas e não foram compreendidas adequadamente. Os lobbies das armas acabaram se aproveitando da crise política do governo, que não teve liderança política o suficiente - por falta de credibilidade – para apontar um caminho alternativo. E esse contexto muito particular fez com que nós sofrêssemos uma tremenda derrota. Mas, apesar dessa derrota, já tínhamos conseguido alguns avanços, inclusive na própria constituição do Estatuto do Desarmamento. E esses avanços, de acordo com vários pesquisadores, já foram suficientes para promover uma redução no número de homicídios.
Poder Online - Mas o fato de uma das armas usadas pelo atirador na tragédia de Realengo ter sido roubada há mais de dez anos e a facilidade para comprar munições não mostra que ainda há muito no que se avançar?
Luiz Eduardo Soares - No Brasil há ainda uma leniência e uma tolerância enorme com as práticas irresponsáveis e até criminosas na negociação no comércio das armas. A verdade é que qualquer um pode ter acesso a armas no Brasil porque há muita facilidade para transgredir as normas. Precisamos fazer com que as normas restritivas – que são insuficientes, mas são as que existem – sejam praticadas. Mas para isso é preciso que haja fiscalização. Temos de ver as instituições motivadas para o controle das armas. A Polícia Federal, por exemplo, se empenha em muitas investigações no plano empresarial e político contra a corrupção, mas qual foi a grande operação da Polícia Federal contra as armas ilegais? E nas secretarias de seguranças dos Estados, qual a importância que se atribui ao controle, à fiscalização e à retenção das armas ilegais? Isso tem que ser uma prioridade absoluta para as polícias.
Poder Online - Neste momento, especialistas de todas as áreas tentam buscar explicações para o que aconteceu na escola Tasso da Silveira, mas alguns admitem que a tragédia seja inexplicável. O senhor concorda?
Luiz Eduardo Soares - Sim. Nós, seres humanos, não suportamos o incompressível, o ininteligível, o enigmático, aquilo que trai as nossas expectativas. Nos sentimos muito angustiados quando estamos diante de algo que não conhecemos e que, por consequência, significa que não se pode controlar. Todas as explicações possíveis para um fato como esse são explicados a posteriori. Esse é um exercício que pode ser feito, mas é sempre, no máximo, capaz de mostrar que talvez haja alguma correlação entre a experiência existencial e a estrutura desequilibrada com o crime que ele praticou. Mas isso não nos dá de forma alguma conhecimento do ato e de suas causas. Porque esse é um ato que se dá em situações extremas e, por definição, imprevisível, que está na conta da liberdade da iniciativa humana. A liberdade, no caso, usada na forma perversa e destruidora.
Poder Online - Não há, então, como prever que casos semelhantes aconteçam daqui para frente no Brasil?
Luiz Eduardo Soares – Não há como nós concebermos uma fórmula capaz de explicar esse ato de tal maneira que pudéssemos prever a reprodução desse ato em situações futuras. E nós não conseguimos montar nenhuma operação que blinde e proteja as nossas crianças e a nós mesmos. Não há como, aqui, culpar governos, culpar políticas de segurança, políticas de saúde ou buscar grandes explicações. São esforços condenados ao fracasso. Ao encontrar culpados e possíveis explicações, nos sentimos mais seguros e um pouco mais apaziguados com o nosso sentimento de instabilidade interior. Mas é importante não nos iludir: fatos desse tipo podem acontecer de novo, infelizmente. E nós não seremos capazes de prevê-los, nem de controlá-los. O que podemos fazer é reduzir sua incidência apostando no controle de armas para que loucuras individuais não se armem e não produzam efeitos tão desastrosos – que não ocorreriam se não houvesse essa imensa negligência com a questão da arma no Brasil.
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domingo, 13 de março de 2011
Gente Boa
Nota publicada hoje em O Globo, na coluna do amigo Joaquim Ferreira dos Santos, Gente Boa:
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quinta-feira, 3 de março de 2011
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